terça-feira, 22 de junho de 2010

O despertar de José

Até pouco tempo atrás José vivia de modo diferente de agora. Não que ele tenha enlouquecido. Afirma que não estar louco, apenas despertou de um sono profundo. O que lhe aconteceu segundo o mesmo, foi sua maneira de ver e experimentar a vida, pois agora a via como algo positivo e não a rejeitava no presente em função de uma promessa de vida futura. Descobriu que suas antigas certas crenças e valores não respondiam unicamente à necessidade de o homem encontrar segurança e conforto em sua vida. No entanto, percebeu que, além disso, grande parte dos valores e crenças que acreditou e seguiu durante muito tempo eram e ainda são usados para mascarar os privilégios de uma minoria em detrimento da grande maioria da sociedade.

Durante muito tempo José viveu sob a égide de crenças que sobrevalorizavam aquilo que ele tinha de mais fraco. Entretanto, a cada dia que se passava aquilo que lhe foi passado como verdade, não era mais suficiente, pois não explicava e nem respondia coerentemente as dúvidas que surgiam frequentemente. Foi então que se viu em meio a uma confusão – o que parecia verdade passava a ser visto como farsa. Encontrava-se desorientado por não achar uma perspectiva para o seu agir, levando-o ao encontro de um vazio de sentido, desespero e angústia existencial.

Seus antigos valores, ideais e crenças não eram mais capazes de lhe oferecer um horizonte para seguir em frente, não havia mais sentido ser norteado por eles. Sem uma resposta, encontrava-se diante da sombra do nada e com isso, via-se afogado no tédio, vagando num mar de dúvidas sem fim. De fato, este era um momento de crise. Mas foi aqui que pôde compreender que a crise não era o fim e sim uma etapa que se abria para uma nova história cheia possibilidades futuras.

Trilhou por diversos caminhos e nessa aventura experimentou dois tipos de sentimentos. O primeiro descrito como frustrante, pois ao perceber que os valores do passado não lhes serviam mais, não elucidavam os questionamentos que o acometia, naturalmente passou a desvalorizá-los, não mais os seguindo. Posteriormente, experimentou o valor dessa caminhada. Ao se libertar de tais valores e ideais, percebeu que sua vida se abria a novos horizontes, mostrando-lhe que viver significava afirmação: a afirmação do seu ser e de sua individualidade e não a negação desta em função de uma vida extramundana.

Assim, a crise o fez perceber que tudo aquilo que estava sedimentado e cristalizado poderia ganhar a força de uma esperança e se renovar, porque viver é superar a si mesmo, vivenciando novas possibilidades e novos horizontes para que se encontre a autenticidade de seu ser. Este foi terreno que trilhado por José que passou a ter novas perspectivas. Essa relação com novas ideias e crenças lhe abria espaço para poder entender e vivenciar o mundo para além do campo religioso, do mundo material e da razão como únicas formas e experimentar e vivenciar o mundo.

Kico Seridó.

2 comentários:

  1. CONHECI ESSE NA CAMPUS II. ESSE CARA SABE O QUE É, E SEM DÚVIDA É UM ÍCONE PARA TODOS OS SEUS CONTEMPORANEOS. APRENDI MUITO COM ESSE CARA, E ENTENDO BEM SUA FILOSOFIA. FOI UM PRAZER TER CONVIVIDO NO MESMO AMBIENTE. E AFIRMO QUANTAS VEZES FOR POSSIVEIS VC É UM EXMPLO A SER SEGUIDO, ( SEM O ALCOOL) MAS TALVEZ SEJA O ALCOOL QUE TE DER ESSE LADO ESPECIAL. VALEU KIKÃO VC É O CARA.
    DO SEU AMIGO POETA
    LINOSAPO

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  2. Eitxa Anao... Se lembra q da ultima vez q estivemos juntos voce criticou minha "fase" atual... Q naum me reconhecia... E eu te respondi q a vida era essa... Um dia estamos assim... Noutro estamos assado... Os dias passam e nos mudamos... As ondas Mudam... Seu texto é tradução dessas mudanças q inevitavelmente passaremos... Um dia tomaremos um café e trataremos mais sobre, como nos tempos da cozinha da residencia...

    Grande Abraço!!!
    Kico Seridó - ainda ouvirei falar muito nesse nome... tenho certeza...
    Fui...

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